segunda-feira, 20 de setembro de 2010

I Seminário de Desenvolvimento Solidário Sustentável – Territorial

A Cáritas Brasileira Regional do Piauí realizará nos próximos dias 23 e 24 de setembro o I Seminário Regional de Desenvolvimento Solidário Sustentável – Territorial (DSS-T). O evento acontecerá na Obra Kolping Estadual do Piauí e reunirá os agentes Cáritas do Estado para refletir sobre o tema, ampliar conceitos, identificar avanços e limites nas ações, além de construir compromissos e estratégias de ações.

Segundo Carlos Humberto Campos, sociólogo da Cáritas, essa discussão se faz necessária para discutirmos os caminhos de desenvolvimento que escolhemos há anos, o qual possibilitou um modo de vida confortável para boa parte da população, mas que hoje requer que seja amplamente repensado. “Vivemos bem, muitíssimo bem! Entretanto, o mundo do progresso ilimitado tem dificuldades de sustentar seu próprio discurso e prática. A humanidade fez uma opção de desenvolvimento que agride a vida e exalta a dimensão econômica, o lucro sem medida, que sobrepõe às outras dimensões da vida humana”, ressalta.

Para ele, a crise ambiental provocada pelo “progresso humano”, que ameaça a destruição da Terra, coloca para a humanidade contemporânea o desafio de se vivenciar uma nova construção de vida. “Essa nova vida exige um modelo de desenvolvimento que denominamos de Solidariedade e Sustentabilidade. Essa construção implica em profundas mudanças de atitudes, pessoais e coletivas, sobretudo na maneira de se relacionar com as pessoas, a natureza e o mercado de consumo”, explica o sociólogo.

Se trata de uma proposta de Desenvolvimento Diferenciado, porém integrativa das cinco dimensões da existência humana: Ambiental, Econômica, Política, Social e Cultural. “Eis o grande desafio. Somos convocados, através desse seminário a refletir, construir e encaminhar propostas a partir de novos saberes forjados nas experiências já realizadas”, finaliza.

Programação

DIA 23/09/10

7h – CHEGADA E CREDENCIAMENTO
9h – Mística e espiritualidade
9h30 – Apresentação dos participantes, objetivos e programação
10h – Intervalo
10h30 – Mesa Temática:

- Dialogando sobre os conceitos e conjuntura da atual política de desenvolvimento – GT Nacional da Cáritas Brasileira
- Os impactos dos grandes projetos desenvolvimentistas no Piauí - Antonio Bispo/ Movimento Quilombola

11h30 – Participação da plenária

12h – Almoço

14h – Dialogando sobre experiências de desenvolvimento:

1. Experiência do resgate da cultura do Algodão na região de Paulistana (CELTA)
2. Experiências da Política de Desenvolvimento do BNB
3. A experiência do Projeto Fecundação – Cáritas Brasileira Regional do Piauí

15h40 – Intervalo
16h – Trabalho de grupo: Aprofundamento dos conceitos de DSS-T a partir da conjuntura e das experiências, tendo como pano de fundo os Programas de ações.
GRUPO 01 – EPS
GRUPO 02 – SEMIÁRIDO
GRUPO 03 – EMERGÊNCIA
GRUPO 04 – PIAJ
GRUPO 05 – POLÍTICAS PÚBLICAS E MOBILIZAÇÕES SOCIAIS.
Questões orientadoras:

1. Situar a partir dos conteúdos/realidade o conceito de DSS-T para embasar as ações da Caritas
2. Qual deve ser o foco principal para política de DSS-T no Regional?
3. Como trabalhar as relações de gênero, geração e etnia no contexto de DSST?

17h15 – Socialização dos grupos
19h – Jantar de confraternização

DIA 24/09/10

07h30 – Café
08h – Mística
08h20 – Apresentação de vídeo – Dialogando sobre o conceito de DSS-T na Ação da Cáritas/Regional Piauí
09h – Trabalho de grupo a partir da seguinte questão: Como a perspectiva do DSS-T orienta, qualifica e integra a nossa ação político-pedagógico (avanços, lacunas, desafios etc)
10h – Intervalo
10h30 – Partilha dos grupos e debates
11h30 – sistematização dos debates
12h – Almoço
14h – Organizando o processo de gestão da política de DSS-T no Regional Piauí
14h30 – Trabalho de grupo a partir das seguintes questões:

1. Como avançar no processo de gestão da política de DSS-T no Regional;
2. Propostas de encaminhamentos e ações de DSS-T no Regional Piauí;
3. Avaliação do Seminário.

16h – Intervalo
16h15 – Plenária de socialização e encaminhamentos dos grupos
17h30 – Mística de encerramento
18h – jantar e encerramento

21 às 22h – Vigília no congresso Eucarístico Arquidiocesano (Todos e todas são convidados e convidadas a participar)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cáritas Brasileira inscreve para 1ª edição do Prêmio Odair Firmino de Solidariedade


A Cáritas Brasileira, organização não governamental da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está inscrevendo experiências para a 1ª edição do Premio Odair Firmino de Solidariedade. O prêmio visa a estimular ações de disseminação e de divulgação da cultura de solidariedade, e faz parte da programação da Semana de Solidariedade, promovida anualmente pela Rede Cáritas.

Odair Firmino nasceu em 22 de junho de 1945, em Ipameri, Goiás, e faleceu em Anápolis (GO) no dia 5 de julho de 2008. Sua missão, antes como franciscano e depois como agente da Cáritas, foi incansável diante da exploração, do abandono e da exclusão de pessoas e de comunidades. Ele assumiu a causa dos oprimidos e amou-os até o fim, como seu próximo. Seu modo de vida, sempre alegre e cheio de esperança, fez dele uma pessoa mansa, misericordiosa e pura de coração.

Diante da violência que sempre atinge mais duramente os empobrecidos, especialmente negros, jovens e mulheres, Odair promoveu a paz verdadeira, sempre solidário com os perseguidos por causa da justiça. Com o prêmio, a Cáritas Brasileira pretende manter viva a chama da paz e da esperança que eram as principais características da luta de Odair Firmino, além de revelar ações libertadoras presentes nas contradições da história.

Estarão habilitadas a participar do edital, organizações sociais, associações, entidades, grupos comunitários, de abrangência local, que promovam ações produtivas ou extrativistas de promoção e recuperação da biodiversidade, garantam o protagonismo de excluídos e excluídas nas mobilizações, articulações e lutas políticas das organizações da sociedade civil; participação na construção de políticas públicas socioambientais e/ou no exercício do controle social destas políticas.

O prêmio busca também incentivar a formação de novas e recompensar experiências coletivas e solidárias de atividades produtivas que promovam a diversidade das culturas locais e das identidades, com atenção para as questões de gênero, raça, etnia e geração, bem como a recuperação de áreas degradadas pelos impactos ambientais e uso inadequado de recursos naturais.

Também reconhece experiências que dão destinação pós-consumo de produtos e embalagens, que atuam com educação ambiental, com minimização de entradas e saídas do processo produtivo, com reciclagem, com responsabilidade sobre o ciclo de vida dos produtos e serviços e, ainda, promovam o consumo ético e solidário na perspectiva da mudança de padrões de comportamento que viabilizam novas relações entre produção, consumo e natureza.

Além do troféu “Cruz Isósceles”, as três experiências vencedoras, vão receber, respectivamente: primeiro lugar, R$ 10 mil; segundo, R$ 5 mil; e, terceiro, R$ 3 mil. As inscrições serão gratuitas e vão ocorrer entre 1º e 30 de setembro de 2010, via internet, por meio do Sistema de Inscrição do Prêmio Odair Firmino, disponível no blog www.premioodairfirmino.wordpress.com. Os projetos deverão ser enviados para o e-mail premioodairfirmino@caritas.org.br.

Confira o regulamento no blog www.premioodairfirmino.wordpress.com ou em www.caritas.org.br.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Plebiscito e protesto de estudantes e professores marcam Grito no Piauí


Grito das Pessoas Excluídas, upload feito originalmente por Cáritas Piauí.

No dia 7 de setembro, os brasileiros e brasileiras em ato de civilidade vão às ruas em desfiles oficiais para comemorar o dia da Independência. Mas nem todas as pessoas tem razões para comemorar. São pessoas que todos os dias tem seus direitos negados por falta de um poder público mais atuante e eficiente.

Na principal avenida de Teresina, a Frei Serafim, 1.000 pessoas marchavam na contramão do desfile oficial para marcar o 16º Grito das Pessoas Excluídas. Participaram do evento as Pastorais Sociais como a Cáritas Brasileira Regional do Piauí, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Criança, Pastoral do Migrante; FETAG, Conlutas, Movimento Estudantil, Associações, Comunidades dentre outras.

Com o tema “Onde Estão os Nossos Direitos? Vamos às ruas para construir um Projeto Popular”, o Grito deste ano teve como atividade principal a coleta de assinaturas para o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade Rural. Urnas do plebiscito foram instaladas na avenida para que durante a manifestação as pessoas pudessem declarar sua opinião.

“A limitação da propriedade rural é um importante passo para esse Projeto Popular para o Brasil quando possibilita garantir o acesso à terra para todas as pessoas, acabando com o latifúndio”, declarou Hortência Mendes, secretária regional da Cáritas. Segundo Hortência, tanto o Grito como o plebiscito são oportunidades legítimas para a população expressar sua opinião e sua vontade de mudança para a construção de uma sociedade mais justa.

O evento denunciou a situação da exclusão social em relação a políticas públicas de educação e moradia, mostrando a realidade e as necessidades das populações pobres. Na educação o destaque foi a manifestação de estudantes e professores da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) por melhores condições de funcionamento.

Recentemente, mais de 20 cursos da UESPI deixaram de ser reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação por falta de estrutura básica, como bibliotecas, laboratórios, salas de aula, além de poucos professores e servidores efetivos. Somados com mais 10 cursos que já foram fechados, serão 30 cursos em diversas cidades do Estado que deixarão de existir. Em Picos, os alunos estão ocupando salas de escolas estaduais ou em prédios alugados porque o prédio da universidade precisa de reformas.

O protesto teve também peça teatral na avenida com personagens como o presidente americano Barack Obama que, ao lado de Lula, debochavam do povo brasileiro enquanto festejavam a riqueza dos bancos e dos poderosos.

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Seminário debate importância das populações tradicionais

Será realizado nos dias 04 e 05 de setembro, das 8h às 18h na Obra Kolping Estadual do Piauí, o Seminário Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais e Quilombolas no Contexto do Desenvolvimento Territorial. O evento tem o objetivo de debater o modo de vida das populações tradicionais e o Desenvolvimento Territorial Sustentável.

Durante o evento será feito um debate conceitual sobre populações tradicionais, seu modo de vida e como ele contribui para o desenvolvimento sustentável do país. Serão apresentadas também as políticas públicas para populações tradicionais da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA).

O evento contará com a participação do Movimento Quilombola, professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), estudantes, representante da Fundação Palmares e SDT/MDA, e outras organizações.

Povos Tradicionais e o Desenvolvimento Sustentável

Os povos tradicionais possuem um vasto conhecimento sobre a natureza e uma rica cultura que fora adquirido ao longo de várias gerações. Devido ao fato destes povos possuírem uma dependência da natureza para a sua subsistência, possuem uma íntima relação com ela e logo, um grande conhecimento e maneira diferente de usá-la e manejá-la.

As famílias utilizam os recursos que a natureza os oferece de forma sustentável já que sua sobrevivência depende diretamente dela. Tais conhecimentos, muitas das vezes são de total desconhecimento da sociedade e de grande valia para se desenvolver medidas sustentáveis a partir de tais saberes, ainda mais se tratando do “caos ambiental” em que nos dias atuais estamos enfrentando.

Serviço:
Obra Kolping Estadual do Piauí
Conjunto Dirceu Arcoverde II, 3978 – Bairro Dirceu II
Teresina – Piaui

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Famílias de Palmeirais fecham a PI-130 em protesto


Manifestação PI-130, upload feito originalmente por Cáritas Piauí.

Um grupo de aproximadamente 100 pessoas fechou a PI-130, que liga Teresina a Palmeirais, por cerca de duas horas na manhã desta quarta-feira (01) próximo à comunidade Buritizinho, na zona rural de Palmeirais. As famílias protestavam contra o avanço da compra das terras na região pela Suzano Celulose para o cultivo do eucalipto e contra a construção das usinas hidrelétricas no Rio Parnaíba.

Claudiomir Vieira, coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), declara que a empresa já comprou milhares de hectares no Estado do Piauí e do Maranhão para o plantio da árvore para a produção de celulose a fins de exportação. “Ela conta também com a isenção de impostos do Estado e dos municípios, além da promessa de construção de cinco usinas hidrelétricas no curso do Rio Parnaíba, a fins de gerar energia para manter o maquinário da indústria funcionando”, afirma o coordenador do MST.

O MST afirma ainda que essa desapropriação legalizada de propriedades rurais férteis que eram destinadas à agricultura familiar só vai incrementar o numero de 250 mil famílias piauienses que batalham por um pedaço de chão. Quadro que pode ser revertido através de uma lei que propicie a limitação da propriedade rural.

“Segundo o Incra são 153 milhões de hectares de terra que estão nas mãos dos latifundiários, enquanto 5 milhões de famílias no Brasil lutam pela posse da terra. A maioria dessas terras está a serviço do capital estrangeiro e é destinada a produção de bens para a exportação. Pouco tem sobrado para a produção voltada para o mercado interno, para a produção de alimentos mais saudáveis”, completa.

Segundo o agricultor João Rodrigues de Oliveira, morador da comunidade Nova Esperança, a Suzano tem oferecido grandes somas de dinheiro pelas terras dos agricultores para forçar as famílias a venderem suas terras para o plantio do eucalipto e oferecendo empregos às famílias que, segundo ele, não existem.

“A Suzano está é enganando o povo. Num terreno que vale 10 mil reais eles oferecem 40 , 50 mil para a pessoa vender e vai retirando o povo das terras. Esse povo vai saindo e mais tarde vai dá trabalho é ao governo, porque não tem onde ficar. Os empregos que eles tão falando que tem é pra quem tem estudo e os mais velhos que não tem estudo vão viver de quê? E quando os mais novos se formarem pra trabalhar para eles, já acabaram com tudo”, declara o trabalhador.

Apesar do pouco conhecimento que tem o agricultor, ele tem consciência dos problemas sociais que a expulsão do homem do campo pode gerar. “Se a gente sai daqui a gente fica com a cara pra cima, porque pra onde nós vamos? De quê vamos viver? Vamos gerar uma fábrica de ladrão porque se nós não pudermos educar nossos filhos eles vão acabar roubando. Nós temos que demonstrar o nosso ‘não’ para ver se as autoridades vejam isso e dê um basta nisso”, declara

De acordo com João Rodrigues, os moradores da comunidade Boa Esperança já estão com medo de serem despejados, pois a área que eles residem há 11 anos pertence à prefeitura de Palmeirais. O agricultor fala que já apareceu uma equipe fotografando o local, o que deixou as famílias mais inquietas. “A gente vai dar um jeito de conversar com a prefeitura para ver se eles passam o pedaço de terra que a gente mora para a associação. Essa vida no interior é boa demais pela tranqüilidade e um cultivo de um eucalipto desse acaba com as caças, acaba com tudo porque ele arranca os pau tudo e acaba com tudo. E o eucalipto não refloresta a terra”, finaliza.

Segundo Hortência Mendes, secretária regional da Cáritas Brasileira, a manifestação também faz parte da programação para a mobilização da sociedade em torno do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, que visa consultar a sociedade sobre a limitação de posse e aquisição das propriedades rurais.

“Queremos uma efetiva Reforma Agrária, uma agricultura familiar fortalecida, pessoas do campo e da cidade organizadas e conhecedoras do seu direito, pois só com cidadania que a gente consegue construir uma sociedade sustentável. Essa manifestação ela aponta pra isso quando questões coletivas a serem discutidas como: o limite da terra através do plebiscito popular, os grandes projetos que atentam contra o meio ambiente e contra a vida das pessoas e a luta pelos direitos e pela cidadania”, declara a secretária.

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