segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cáritas apresenta livro com trajetória do Projeto Fecundação

Em 1605, Miguel de Cervantes escrevia a seguinte frase no seu mais célebre livro Dom Quixote: “Sonho que se sonha sozinho é apenas um sonho. Sonho que se sonha junto é o começo da realidade”. A frase pode até ter sido escrita a centenas de anos, mas nunca foi tão atual na realidade das famílias beneficiadas pelo Projeto Fecundação em
Coronel José Dias.

Para contar a história desse sonho que foi construído coletivamente entre as famílias do município, a Cáritas Brasileira Regional do Piauí organizou o livro “O Sonho Construído em Mutirão: uma experiência de convivência com o semiárido”. O livro conta toda a trajetória do projeto desde a idealização, diagnósticos, implantação e resultados concretos no município.

Nele buscou-se retratar os impactos sociais, ambientais e culturais da experiência, mostrando as ações desenvolvidas, o caráter dessas ações, desafios e importância para a população da região que busca melhores condições de vida.

Para apresentar essa experiência para a sociedade a Cáritas realizou na manhã da ultima sexta-feira (25) um café da manhã de lançamento do livro. Participaram do evento comunidades, Cáritas Diocesanas, Diretoria Nacional da Cáritas Brasileira, Pastorais Sociais, Secretaria Municipal de Educação de Coronel José Dias, Delegacia Regional do Trabalho, Banco do Nordeste, Governo do Estado, Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, Assembléia Legislativa do Piauí.

João Evangelista Oliveira e Rosângela Ribeiro de Carvalho
organizadores do livro

Agente da Cáritas desde 1996, Iran Morais contou como foi o início do projeto. Segundo ele, quando se começou a falar em convivência com a região o projeto ainda se chamava ‘El Niño’ e a partir da Carta de São Raimundo Nonato que se começou a planejar ações mais consistentes na região. “O Projeto Fecundação foi uma construção principalmente coletiva, no sentimento de que não se faz nada sozinho. A alegria é saber que a partir desse projeto foram fecundados outros como o ‘Vida e Dignidade no Sertão do Piauí’ que ajudou a formar técnicos agrícolas”. O agente conta ainda que o projeto provocou profundas transformações em Coronel José dias. “O município foi todo coberto com cisternas e possibilitou o envolvimento de todos em mutirão, na partilha e na solidariedade”, completou Iran.

A vice-presidente da Cáritas Brasileira, Anadete Reis, contou a trajetória das discussões em todo o Brasil para a consolidação do Programa de Convivência com o Semiárido no país. “Diante da realidade de abandono da região, a Cáritas começou a discutir ações mais eficientes. O primeiro desafio foi captar recursos e depois onde colocar a experiência. Foram várias as discussões até chegar ao Piauí, em comum acordo com os outros estados. Essa mesma discussão foi feita em nível local até chegar a Coronel José dias”. Ela ressaltou que o Projeto Fecundação nos mostra concretamente a forma de trabalhar da Cáritas a partir da construção coletiva com parcerias e também que é possível ter uma intervenção concreta na área da Educação para a melhoria de vida das pessoas.

Intervenção que foi ratificada por Filomena Neiva, representante da SEMEC de Coronel José Dias, que falou da importância das ações no modo de ensinar das escolas da rede pública. “Esse projeto deu subsídio para que nossos professores conhecessem melhor o que realmente é o Semiárido e suas possibilidades. Foram ministradas nove oficinas pedagógicas, mas nossa maior conquista foi o Plano Municipal de Educação que foi construído a partir da nossa realidade e com contribuição coletiva”, afirma Filomena.

Lúcia Araújo, representante do Governo do Estado, também fez parte da gestação do projeto e lembrou dos desafios iniciais. Ela ressaltou a importância das parcerias locais para concretização das experiências e colocou-se a disposição para estudar novas parcerias com o governo para o beneficiamento de mais famílias. A deputada Rejane Dias, representante da Assembléia Legislativa, também se colocou à disposição para implementar políticas públicas para o semiárido, a fim de levar transformações reais à região a partir do coletivo.

A secretária regional da Cáritas Brasileira, Hortência Mendes, encerrou o momento agradecendo a presença de todos/as comunidades e parcerias, ressaltando a união na construção de um novo modelo de solidariedade. “Devemos cultivar esse sentimento de solidariedade. Por mais problemas que a sociedade apresente não nos impede de trilhar novos caminhos porque Deus está conosco guiando nossos passos”, finalizou.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Série de desenhos animados será lançada no Piauí

Água para cozinhar, beber, produzir e para educar esse é o objetivo da série de desenhos animados Água, Vida e Alegria no Semiárido que será lançado no dia 25 de fevereiro a partir das 19h no prédio da Obra Kolping, em Teresina.

A série de desenhos animados integra os produtos pedagógicos do Projeto Cisterna nas Escolas da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa Brasil), um material didático rico que trás a realidade das crianças da comunidade de Ponto Novo, município de Riachão do Jacuípe, na Bahia.

As crianças participaram de duas oficinas onde fizeram desenhos que representam a realidade em que vivem e as alternativas de convivência com o Semiárido praticadas na comunidade.
Os desenhos produzidos estão divididos em oito episódios, de cinco minutos cada, que contam a aventura de um mandacaru falante e um grupo de crianças. Cada episódio traz um tema relacionado aos processos de convivência com o semiárido: Açude; Cisterna; Uso Racional da Água; Ciclo da Água; Saúde e Higiene; Poluição dos Rios; Passado, Presente e Futuro; e Direito à Água Potável.

Documentário – Na ocasião, também será lançado o vídeo documentário Desenhando Histórias que mostra o processo de criação dos desenhos. O vídeo aborda a questão da educação contextualizada, modelo de ensino e aprendizagem em que o saber dos alunos é valorizado e a realidade deles é inserida na sala de aula.

Está programado para o lançamento um jantar de confraternização entre todos os participantes do evento. Já no dia 26 será realizado o Encontro Estadual de Planejamento do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, representação da Asa Brasil no Piauí.

Cisternas nas Escolas - O Projeto construiu 55 reservatórios de 52 mil litros em escolas da zona rural do Piauí. Os municípios contemplados com o projeto foram: Acauã, Capitão Gervásio Oliveira, Coronel José Dias, Inhuma, Ipiranga do Piauí, Jacobina do Piauí, Jurema, Oeiras, Pedro II, Picos, Piracuruca, Queimada Nova, São José do Divino, São Raimundo Nonato.

Na lógica do projeto, os professores e alunos são chamados a acompanhar o processo de construção e a zelar pelo bom uso das cisternas e, além disso, a trabalhar a educação contextualizada a partir das cisternas. Deste modo, todas as disciplinas podem ser trabalhadas a partir do tema Água e Cisternas e, assim, o debate sobre a convivência com o Semiárido entra na escola.

Serviço:
O que: Lançamento da série “Água: vida e alegria no semiárido”
Quando: 25 de fevereiro às 19h
Onde: Obra Kolping Estadual do Piauí – Conjunto Dirceu Arcoverde II, 3978

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Livro sobre a história do Projeto Fecundação será lançado nesta sexta (25)

Diversas experiências coletivas tem se multiplicado em todo o Estado na busca de melhores condições de vida para as famílias excluídas, principalmente no ambiente Semiárido, cujas condições climáticas, à primeira vista, parecem adversas. O Projeto Fecundação, uma ação pioneira da Cáritas Brasileira implantada a partir de 2001, veio contribuir com as famílias e comunidades empobrecidas do semiárido através do acesso à água de qualidade e em quantidade suficiente para o consumo humano. Além do desenvolvimento de conhecimentos e apropriação de saberes habilidades e técnicas da agropecuária apropriada para a convivência sustentável com a Caatinga, bioma predominante na região.

Para contar a história de como esse projeto começou no Piauí, a Cáritas Brasileira Regional do Piauí apresentará na próxima sexta-feira (25), às 9h no Centro Pastoral Paulo VI, o livro “O Sonho Construído em Mutirão: uma experiência de convivência com o semiárido”. O livro descreve toda a trajetória do projeto, desde sua idealização, passando por diagnósticos e resultados concretos no município de Coronel José Dias, local de implantação do projeto-piloto.

Através do olhar da Cáritas sob a trajetória desenvolvida pelo projeto, buscou-se retratar os impactos sociais, ambientais e culturais desta experiência, mostrando as ações desenvolvidas, o caráter dessas ações, os desafios que elas nos apresentam e sua importância para o povo da região na busca da melhoria das condições de vida e garantia geração de renda.

O trabalho foi fincado em quatro eixos de ação: Gestão, Recursos Hídricos, Produção Agropecuária Apropriada e Educação Contextualizada. Com destaque para esta ultima que buscou levar o tema “Convivência com o Semiárido” para a sala de aula das escolas municipais. Foram realizadas 09 (nove) oficinas pedagógicas com os professores da rede pública municipal. Essas oficinas culminaram com a elaboração do Plano Municipal de Educação de Coronel José Dias, plano este com bases nas potencialidades e possibilidades locais.

Resultados concretos do Projeto Fecundação

Recuperação do Barreiro Grande
01 Barragem Subterrânea
Limpeza de 02 Barreiros
40 famílias Capacitadas em Gestão de Recursos Hídricos
30 pedreiros capacitados em construção de cisternas
700 cisternas construídas
Marcação de 03 poços (hidroestesia)
Seminário Gestão de Recursos Hídricos
Limpeza do açude Salininha
Levantamento de poços para instalação de BAP’s
Cursos de técnicas de fenação, apicultura e ovinocaprinocultura
Curso de sanidade animal
Aquisição de 426 animais para a melhoria do rebanho
Aquisição de 82 toneladas de silagem
Casa de mel de Curral de Ramos
Curso de qualidade e higiene do mel
Aquisição de animais e material dos apriscos do grupo Barra do Campestre
03 grupos de criadores de caprinos e ovinos
02 grupos de apicultores
Inserção de sementes forrageiras na agricultura – 90 famílias
Otimização das culturas de caju e umbu com compra de mudas
Curso de técnicas em fruticultura – 20 famílias
Curso de manejo do solo e tecnologias apropriadas
Plantação de 33,74 hectares de caju
Curso de técnicas, gestão e comercialização de artesanato – 20 famílias
Oficina de produção de cajuína
Criação de Cooperativa de beneficiamento de frutas
Curso de fabricação de bombons de chocolate com recheio de umbu
09 oficinas pedagógicas de Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido
Plano Municipal de Educação de Coronel José Dias norteado pela Educação Contextualizada

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ASA Piauí avalia projeto Cisternas nas Escolas

“Pobreza, miséria, analfabetismo, doenças e baixa expectativa de vida. Essa é a realidade do Semiárido, propagada e consolidada no imaginário social. Não é resultado de calamidade originada no clima e na manifestação do fenômeno da seca, é uma construção humana, passível, portanto de ser revertida”. Foi com essas palavras que o coordenador executivo do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, Carlos Humberto Campos, iniciou o Encontro de Avaliação do Projeto Cisternas nas Escolas.

O encontro aconteceu nos dias 17 e 18 de fevereiro no Picos Hotel, em Picos (PI) e reuniu comissões municipais, secretários/as municipais de educação, zeladores, professores e equipes que executam o projeto. O evento teve o objetivo de avaliar os processos de mobilização da comunidade escolar em torno da construção das cisternas e como ela poderá servir como instrumento pedagógico para políticas de convivência com a região semiárida piauiense.

A tecnologia social, que acumula água da chuva para suprir as necessidades de consumo humano que já atendeu a mais de 300 mil famílias, foi estendida para escolas rurais de nove estados do Semiárido brasileiro. Nas unidades de ensino, os reservatórios tiveram sua capacidade ampliada para 52 mil litros. O projeto Cisternas nas Escolas, uma iniciativa da Articulação no Semi-árido Brasileiro (ASA Brasil), construiu 843 reservatórios em escolas da zona rural. Destas, 55 foram destinadas a municípios piauienses.

Os municípios contemplados com o projeto foram: Acauã, Capitão Gervásio Oliveira, Coronel José Dias, Inhuma, Ipiranga do Piauí, Jacobina do Piauí, Jurema, Oeiras, Pedro II, Picos, Piracuruca, Queimada Nova, São José do Divino, São Raimundo Nonato.

A água da cisterna escolar será utilizada para o consumo de crianças, professores e funcionários de escolas, pois no Semiárido, é comum muitas escolas pararem de funcionar por causa da falta de água. Na lógica do projeto, os professores e alunos são chamados a acompanhar o processo da implantação e a zelar pelo bom uso das cisternas e, além disso, a trabalhar a educação contextualizada a partir das cisternas. Deste modo, todas as disciplinas podem ser trabalhadas a partir do tema ‘Água e Cisternas’ e, assim, o debate sobre a convivência com o Semiárido entra na escola.

Segundo o Secretário Municipal de Educação de Acauã, José Edivaldo, o município tem sofrido bastante com a falta de água, que é escassa nos meses mais quentes do ano. “Muitas vezes temos que nos deslocar ao município de Afrânio (PE) para buscar água potável. Essas cisternas vieram para melhorar a vida das pessoas. Primeiro para as famílias, e agora para a comunidade escolar”. O professor salientou ainda a importância da parceria estabelecida entre a ASA e a prefeitura como uma motivação para os gestores pensarem mais no social.

Os participantes avaliaram o projeto como essencial para a garantia dos alunos em sala de aula o ano todo, mas sugeriram algumas mudanças. A proposta das pessoas que participaram do encontro é que o projeto também seja ampliado para a produção de alimentos, a fim de complementar a formação dos alunos em agroecologia e segurança alimentar. Uma forma de ampliar o debate sobre a Convivência com a região dentro da sala de aula.

O projeto é realizado pela ASA Brasil em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a Agência de Cooperação Espanhola e o Instituto Ambiental Brasil Sustentável (IABS) e apoio do Unicef.

Educação a partir do contexto local

Ao longo de vários anos foi construída a imagem de que o semiárido é lugar de morte. E um dos responsáveis por essa visão por muitos anos, foi a escola que acabou reforçando essa idéia. Entretanto, muitas escolas tem adotado a educação contextualizada para modificar essa realidade indo na contramão da história. “A partir da Educação Contextualizada a escola começou a se inserir na realidade onde atua e tem ajudado as crianças e seus pais a conhecer melhor suas realidades e, principalmente, a construir conhecimento para mudar a realidade de injustiça em que se vive”, salienta Carlos Humberto.

Para isso muitas iniciativas estão sendo construídas em diversos municípios do semiárido para a concretização desse modelo de educação. Segundo Zumira Netinha, professora da Unidade Escolar Boca da Serra em Jurema, uma realidade do município é a graduação e especialização dos professores. “Hoje podemos dizer que em Jurema professores e professoras da rede pública na sua maioria são graduados e especializados para lecionarem em Escolas Famílias Agrícolas (EFAs). E isso diminuiu a evasão escolar e a migração, pois muitos alunos tem desistido de ir para outros lugares tentar a vida e ficar na sua terra”. Para a professora, através das especializações os professores conseguem visualizar e repassar perspectivas de vida para os alunos dentro da realidade em que se vive.

Mariana Gonçalves - comunicadora popular FPCSA/ ASA Brasil/Cáritas

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Solidariedade feminina

Mulheres do Tombador, em Itainópolis (PI), se destacam no manejo com os animais

Uma estrada estreitinha e uma barragem dão as boas vindas à comunidade Tombador, no município de Itainópolis no Piauí. Lá um grupo de mulheres batalhadoras tem mostrado que a força da mulher não está só na cozinha, cuidando do preparo do alimento da família, mas também na conquista desse alimento.

Maria Iraci da Costa, Adalveniza Ana da Costa e Leda Maura da Silva tem investido na criação de carneiros e ovelhas para alimentar a família. Já Maria Moreira da Costa, Josefa Joana do Espírito Santo, Expedita Joana do Espírito Santo, Maria Neta de Lima e Maria Sila da Costa tem criado galinhas caipiras.

A história desse grupo quem nos conta é Dona Iraci, coordenadora da Igreja Católica da comunidade, e numa das reuniões ela ficou sabendo da chegada do Projeto Fecundação da Cáritas Brasileira Regional do Piauí, com apoio da Manos Unidas. E gostou tanto da idéia que resolveu conversar com as outras pessoas para aceitar o projeto e trabalhar para que ele dê certo.

O projeto através de Fundos Produtivos Solidários levou o investimento para a criação de galinhas caipiras, ovelhas e carneiros para as famílias. Dona Iraci explica que, junto com o dinheiro pra comprar os animais, foram promovidos mutirões para montagem dos apriscos, cercados das galinhas e manejo adequado dos animais.

A escolha dos animais para a criação foi feita em acordo com as famílias. Segundo a agricultora, as mulheres assumiram a atividade com afinco e se reuniram para decidir quem iria criar o que. Quem tem pasto ficou com as criações e quem não tem ficou com as galinhas.

A força das mulheres do Tombador foi descoberta também na realização dos mutirões agroecológicos. Em um deles se registrou a participação de apenas 1 homem enquanto que as outras 11 participantes eram mulheres. Mas os homens não ficaram de fora do processo, foram eles que ficaram encarregados de retirar toda a madeira para a construção dos cercados e ajudar na montagem deles também.

Nos mutirões agroecológicos elas aprenderam a manter a saúde dos animais com a limpeza correta e periódica dos chiqueiros. Foi orientada as formas de como aproveitar o esterco que é retirado, preparando corretamente para a aplicação na plantação. Além da aplicação correta de medicamentos e castração dos animais. Nas galinhas foram explicadas formas de fabricação do cercado e alimentação adequada e o que também pode ser aproveitado para a alimentação delas.

Dona Iraci conta que vários remédios caseiros podem ser utilizados. “O álcool com angico, pau-ferro e ameixa para o umbigo e cicatrização de cortes. O remédio não serve só para os animais, uma pessoa que tiver um corte também pode usar sem problema”. Outro remédio usado é o Mastruz que elas colocam para secar, pisa e mistura no milho e no sal.

No caso dos ovinos, as famílias receberam 3 ovelhas para cada carneiro. A família dela conseguiu aumentar a produção para 25 cabeças e já venderam 7 cabeças. E as crias estão dando de 2, fazendo com que o rebanho aumente mais rápido.

Ela ensina algumas técnicas para criar os animais da melhor forma. Ela separa as ovelhas paridas dos demais animais para que não corra o risco dos outros matarem. “Às vezes algumas ovelhas não dão leite o suficiente para dar de mamar aos burregos, aí a gente dá leite de vaca com um pouco de água para não ficar muito forte”. Ela conta que o filhote criado com leite de gado fica mais formoso ainda.

A criação da família é abatida principalmente para consumo, mas quando é preciso comprar outras coisas eles vendem para ganhar o dinheiro necessário. O quilo é vendido a R$ 8,00 (oito reais), algumas criações dão um peso de 15 kg.

E tudo foi feito em espírito de solidariedade com as famílias. A cada dia, o grupo tirava madeira para a construção dos cercados de cada família. Sempre ajudando uns aos outros. Para conseguir um preço melhor para as telhas, o cimento e as telas dos galinheiros, todos e todas se juntaram para comprar tudo junto.

Dona Iraci conta que, por conta da estiagem desse ano, muita gente teve que vender parte da criação, mas ela foi persistente e acreditou que iria conseguir segurar seus animais por mais tempo. Mas o sentimento conjunto de que acreditando e com muito trabalho as coisas dão certo ainda existe na comunidade.

A devolução do fundo é feita de acordo com o lucro das famílias e condições climáticas, corrigido pelo salário mínimo. A esperança que as famílias consigam fazer com que essa atividade se consolide e ajude outras famílias também é algo bem forte na mente das mulheres do Tombador.

Por Mariana Gonçalves para o Boletim "O Candeeiro", informativo do Programa Uma terra e Duas Águas da ASA Brasil.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cáritas lança projeto de geração de renda em Flores do Piauí

A Cáritas Diocesana de Floriano realizou no dia 29 de janeiro o lançamento do Projeto Consolidando Ações para um Nordeste Democrático, Solidário e Sustentável no município de Flores do Piauí. O lançamento aconteceu no Centro Paroquial e reuniu representantes da sociedade civil, o poder público, Igrejas, sindicatos e contou com a presença do Bispo Diocesano, Dom Valdemir Ferreira, presidente da Cáritas Diocesana.

O projeto é uma iniciativa da Cáritas Brasileira Regional do Piauí em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para o desenvolvimento da agricultura familiar no semiárido piauiense a partir da convivência com a região.

Segundo Carlos Humberto Campos, assessor técnico da Cáritas, o projeto só vem a somar para garantir a qualidade de vida das famílias. “Sobretudo a inclusão social dando possibilidade para a juventude e aprendizagem de tecnologias de convivência com o semiárido. E também ajudar a agricultura familiar a se desenvolver com mais amor e solidariedade entre a comunidade e as famílias contempladas no projeto”, afirmou.

Representando do Banco do Nordeste, Antonio José Nascimento reafirmou o compromisso do Banco do Nordeste em apoiar iniciativas de garantia de renda através do Desenvolvimento Sustentável. “O BNB está interessado em contribuir com o desenvolvimento de um Nordeste com gente produzindo e gerando renda. Esse projeto deve ser fortalecido com a sociedade, e que contribuirá junto com a comissão gestora para o bom desempenho das atividades”.

Finalizando as falas, Dom Valdemir Ferreira explicou que “Cáritas” significa amor, CARIDADE, para reafirmar o compromisso e missão da instituição na construção de um mundo mais juntos e igualitário. “Caridade não é ter peninha e sim ir de encontro aos caídos, estar junto deles e construir juntos um novo caminhar. O dinheiro que está destinado aos pobres deve ser totalmente aplicado em favor dos pobres para diminuir as disparidades e a miséria”.

No projeto está previsto a mobilização e capacitação de famílias em horticultura, caprinocultura e apicultura com base na Economia Popular Solidária. Dentro do projeto também está prevista a organização de feiras agroecológicas, intercâmbios e a formação de Fundos Produtivos Solidários com os grupos.

Com informações de João Raimundo, assessor técnico do projeto em Flores

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Beneficiamento de frutas: trabalho e vida no Semiárido piauiense

Em meio às serras do município de São Raimundo Nonato, sudeste do Piauí, nasce o Assentamento Fazenda Lagoa Novo Zabelê. O assentamento fica numa área de seis mil hectares, a 12 quilômetros da zona urbana do município.

Há 11 anos, as 251 famílias que foram transferidas da área ao redor do Parque Nacional Serra da Capivara para o assentamento, ainda não possuem terra registrada e, até agora, esperam uma iniciativa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para solucionar a questão. O Parque Nacional da Serra da Capivara é um parque arqueológico com uma riqueza de vestígios que se conservaram durante milênios, acredita-se que o primeiro homem americano viveu nessas terras.

Mesmo diante da dificuldade, os moradores não deixaram se abater e tentam recomeçar suas vidas no local. Diversas iniciativas de projetos desenvolvidos pela Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato vem transformando, desde 2004, a vida das famílias do Novo Zabelê.

A partir de projetos como Dom Helder Câmara (PDHC), que visa desenvolver ações estruturantes para fortalecer a Reforma Agrária e a Agricultura Familiar no Semiárido nordestino, no seu Plano Operativo Anual (POA) proporcionou o registro do assentamento em 21 ações e diversas atividades nas seguintes áreas: sementes; galinha caipira; higiene, limpeza e beleza; frutas; forragem; apicultura; horta; fitoterapia e artesanato. O projeto é um acordo de empréstimo entre o Governo Brasileiro/Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrário (FIDA) que vem contribuindo para o crescimento e alegria das famílias que ali residem.

Uma atividade de destaque é a iniciativa de um grupo de 07 mulheres que trabalham com o beneficiamento de frutas nativas como umbu, caju e maracujá, além de goiaba, fruta típica do assentamento. Lucimar Rodrigues de Macêdo (responsável pela comercialização), Maria Onélia Martins (caixa de beneficiamento), Sandra da Silva Oliveira (controle de estoque), Carmelita da Silva (controle de qualidade), Maria Luciene Miranda (controle de caixa), Ana Claudia da Silva (comercialização) e Aldenora Cardoso (coordenadora) compõem a casa de beneficiamento de frutas.

Dona Maria Onélia lembra que o projeto começou com a visita de técnicos - agentes da Cáritas Diocesana ao assentamento, informando sobre os diversos projetos para a região. E como na área se planta caju, goiaba, umbu e maracujá e muitas das árvores frutíferas estavam sendo devastadas, as mulheres decidiram investir nessas frutas e assim, foram testando receitas.

No início, cada uma das mulheres trazia os produtos necessários de casa, como açúcar, panela, colher e juntas compravam o gás de cozinha. Os doces eram produzidos em uma casa, bem simples, cedida por um morador do assentamento, mas depois de dois anos, o grupo organizou uma casa para fabricação.

Em 2005, com um projeto de capital de giro, também beneficiado pelo Projeto Dom Helder, as mulheres puderam custear as despesas de luz, água e gás e também comprar os materiais necessários para a produção, como açúcar e as frutas, estas são fornecidas pelas famílias do próprio assentamento, de acordo com a safra agrícola.

Das frutas, as mulheres produzem doce, licor, geléia, rapadura, cajuína (caju), um processo de beneficiamento que vem transformando a vida do grupo.

A atividade mudou a rotina de Dona Onélia, pois antes, ela vivia no percurso da roça para casa, passava mais tempo na roça do que na comunidade. E diz que pegava sol e chuva, numa rotina intensa de trabalho pesado. Enquanto hoje, a realidade é outra, ela trabalha na sombra e conversando com as novas amigas.

Através do Plano Setorial de Qualificação (PLANSEC), programa de qualificação de grupos do Governo Federal, o grupo recebeu capacitação em diversas áreas como produção, beneficiamento, cooperativismo, divulgação, plano de negócios, certificação e meio ambiente. Hoje, as mulheres são convidadas para contar a experiência delas em intercâmbios e feiras.

Texto original publicado no boletim "O Candeeiro" nº 17, por Sabrina Sousa Edição: Mariana Gonçalves

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Agenda de Fevereiro

01 a 03 – Encontro de Planejamento da Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato
05 – Encontro Regional de Planejamento das Pastorais Sociais
07 e 08 – Encontro de contadores e contadoras da AP1MC
17 e 18 – Encontro de avaliação do projeto Cisternas nas Escolas
25 – Encontro de Formação com Diretorias das Cáritas Diocesanas, Assembléia Extraordinária e lançamento do Livro do Projeto Fecundação
25 e 26 – Encontro de Planejamento do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido e lançamento dos Desenhos Animados da ASA Brasil