quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Sociedade não aguenta mais a exploração e o desrespeito

Artigo de opinião

Li atentamente o artigo 2, “ACERCA DOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS EM TERESINA”. Publicado na página OPINIÃO, no dia 16/09/11, neste conceituado meio de comunicação. Confesso, me senti provocado a manifestar minha opinião.

Recentemente visitei a Europa, viajando por nove países do velho continente, entre eles Inglaterra, França, Itália, Espanha, Holanda, Alemanha... Em que pese todas as crises e dilemas dessas sociedades, não podemos deixar de reconhecer que além da riqueza cultural, da responsabilidade social e do bem estar da população, prevalece nesses países o senso da Consciência Coletiva. Ou seja, o Estado e a Sociedade priorizam respeitam, coletivamente, os direitos de cidadania. Vive-se bem, muito bem, mesmo os pobres.

Enquanto que, no Brasil, o Estado abandonou a sociedade, os ricos demonstram maior ostentação e desprezo pelos pobres do que em qualquer país do mundo. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. Continuam na pobreza porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus desconfortáveis, lotados de trabalhadores das grandes periferias e dos subúrbios.

Aqui em Teresina, há muito tempo ouvimos falar em licitação para melhorar o transporte coletivo; Há muito tempo ouvimos falar em integração das linhas de ônibus; Há muito tempo ouvimos falar em melhores terminais de paradas de ônibus; Há muito! Entretanto, não há nada. Será que esse discurso também não é vandalismo institucionalizado, amparado por uma legislação que muito vezes prioriza os ricos em detrimento dos mínimos direitos dos pobres?

Essa massa humana de jovens estudantes, de futuros gestores da sociedade, cidadãos e cidadãs, que se manifestaram contra a arbitrariedade de um poder empresarial, apoiados por “políticos” desonestos, corruptos, que enganam, roubam e ainda pousam de pessoas honradas. Essa abandonada e excluída juventude, ainda tem que carregar as severas críticas e acusações dos chamados “Cães de Guardas” de um modelo Político e Econômico, que destrói vidas e aniquila os sonhos, em defesa dos lucros de gananciosos empresários!

Será que não é vandalismo, ou até mesmo bandidagem, termos que conviver diariamente com todo tipo de denúncias dos gestores públicos, nas instâncias do executivo, legislativo e judiciário? Só para ilustrar, cito alguns exemplos desse “Piauí, Terra Querida”. No executivo: das últimas eleições municipais, 48 prefeitos foram cassados por práticas de corrupção e apropriação indébita dos recursos públicos – e mais 100 estão sendo investigados –, inclusive recursos da merenda escolar, tirando o pão da boca das nossas crianças; No Legislativo: Para onde foi a investigação da Polícia Federal sobre a acusação da prática de corrupção na Assembléia Legislativa, envolvendo os deputados? No Judiciário: recentemente, o pedido de afastamento do Juiz da Comarca de Parnaíba, por envolvimento na soltura de bandidos. Essas autoridades deveriam ser modelos e referenciais de conduta ética para uma juventude tão carente de bons exemplos.

Portanto, antes de condenarmos a ação dos estudantes, é preciso que façamos uma reflexão mais apurada das verdadeiras causas e origens de tais comportamentos sociais. Da minha parte, sinto-me feliz e nutro a esperança de uma sociedade melhor ao contemplar o rosto indignado de uma juventude que demonstra coragem de lutar pelos seus direitos, pela justiça e pela igualdade. A SOCIEDADE NÃO AGUENTA MAIS ESSE DISCURSO DOS “CÃES DE GUARDA” DE UM MODELO POLÍTICO FALIDO.

Carlos Humberto Campos (Sociólogo; Vice-presidente da ASA BRASIL e assessor da Cáritas Brasileira Regional Piauí)

Nenhum comentário:

Postar um comentário