quarta-feira, 29 de junho de 2011

Famílias agricultoras do Piauí conhecem experiências de convivência em PE

Durante os dias 24 e 25 de junho, 12 agricultores/as familiares do município de Monsenhor Hipólito (PI), visitaram experiências em agricultura agorecológica nos municípios de Araripina, Ipubi, Exu e Ouricuri, região do Araripe pernambucano. Nas visitas, os agricultores e agricultoras puderam conhecer um modo de produção que respeita o meio ambiente, as práticas alternativas ao uso de agrotóxicos, o manejo de sistema agroflorestal, o beneficiamento de frutas, e também sobre organização comunitária.

Todos os agricultores que participaram das visitas foram beneficiados com a cisterna calçadão, uma das tecnologias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), através da Cáritas Brasileira Regional do Piauí. Os reservatórios acumulam até 52 mil litros de água, que é destinada à produção de alimentos, a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras. Nas localidades visitadas foi possível perceber a forma como os/as agricultores/as de Pernambuco fazem o manejo da água da cistern
a para o melhor aproveitamento na produção.

No primeiro dia (24/06), no município de Exu, o grupo visitou a experiência de agricultura agroflorestal do casal de agricultores Vilmar Lermen e Maria Silvanete, que moram na comunidade da Serra dos Paus Dóias. A família utiliza o sistema de cultivo agroflorestal, que, em seu manejo, mistura plantas anuais, forrageiras, frutíferas, adubadoras e nativas. Nesse tipo de cultivo não se utiliza fogo, venenos ou adubos químicos.

“Agrofloresta é uma mistura de plantas e experimentos que criam uma relação entre si. O controle das formigas, por exemplo, é feito utilizando a manipueira da mandioca, as plantas iscas ou as repelentes”, explica Vilmar. A família ainda utiliza a borra da manipueira, riquíssima em cálcio, para adubar o solo, e, principalmente para o plantio de melancia, tomate e maracujá.

Seu Heleno explica como faz a produção de mudas de alface.
Foto: Mariana Gonçalves

Já o agricultor Heleno Nascimento, que mora no Sítio Samambaia, em Araripina, também foi visitado, e tem uma receita diferente para tratar das pragas: uma solução feita à base do Nim (Azadirachta indica). Ele contou que nos seus canteiros de hortaliças só utiliza defensivos naturais, além de priorizar a rotação de culturas. “Toda vez que se retira a produção de alface, por exemplo, se coloca outro tipo de hortaliça no local, para não desgastar o solo, e produzir sempre com a mesma qualidade”, ensina Seu Heleno.

Boa gestão da água - No segundo dia (25/06), os participantes do intercâmbio visitaram a experiência da família de Maria Viana, na comunidade do Vidéu Velho, município de Ouricuri. Na ocasião, os agricultores e agricultoras puderam aprender sobre o gerenciamento da água da cisterna calçadão que é feito pela família. “Nós fazemos o cálculo da quantidade de água que pode ser utilizada por dia, de modo que dure até o final do ano, período em que volta a chover na região”, conta Maria Viana. Segundo ela, os cálculos mostraram que a família só poderá começar a usar a água do reservatório em setembro; enquanto isso, a família utiliza a água de um barreiro próximo para produzir alimentos. Ela explicou ao grupo que no período de estiagem é muito importante ter a água da cisterna, pois o barreiro seca também.

A agricultora contou aos visitantes que antes da construção da cisterna de placas (16 mil litros), construída pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da ASA, e também da cisterna calçadão, a vida era muito difícil. “A gente não tinha reservatório nenhum, nem carroça, tinha que ir de carro de boi buscar água nas cacimbas, e às vezes as latas derramavam no meio do caminho, e a gente voltava novamente. Quando a gente chegava em casa não tinha onde armazenar a água, era um sofrimento”, conta Dona Maria Viana.

Segundo o agricultor José de Ribamar, da Chapada do Sítio em Monsenhor Hipólito, as experiências vivenciadas no intercâmbio deixaram os visitantes cheios de vontade para produzir alimentos. “Aqui a gente viu que dá certo, é só experimentar sem ter medo. É uma oportunidade não só de conhecer o que as outras famílias estão produzindo, mas também de trocar conhecimento, ensinar o que a gente sabe e ver o que eles fazem para melhorar de vida”, avalia o agricultor.


Mariana Gonçalves e Mariana Landim - comunicadoras populares da ASA

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