quarta-feira, 29 de junho de 2011

Famílias agricultoras do Piauí conhecem experiências de convivência em PE

Durante os dias 24 e 25 de junho, 12 agricultores/as familiares do município de Monsenhor Hipólito (PI), visitaram experiências em agricultura agorecológica nos municípios de Araripina, Ipubi, Exu e Ouricuri, região do Araripe pernambucano. Nas visitas, os agricultores e agricultoras puderam conhecer um modo de produção que respeita o meio ambiente, as práticas alternativas ao uso de agrotóxicos, o manejo de sistema agroflorestal, o beneficiamento de frutas, e também sobre organização comunitária.

Todos os agricultores que participaram das visitas foram beneficiados com a cisterna calçadão, uma das tecnologias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), através da Cáritas Brasileira Regional do Piauí. Os reservatórios acumulam até 52 mil litros de água, que é destinada à produção de alimentos, a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras. Nas localidades visitadas foi possível perceber a forma como os/as agricultores/as de Pernambuco fazem o manejo da água da cistern
a para o melhor aproveitamento na produção.

No primeiro dia (24/06), no município de Exu, o grupo visitou a experiência de agricultura agroflorestal do casal de agricultores Vilmar Lermen e Maria Silvanete, que moram na comunidade da Serra dos Paus Dóias. A família utiliza o sistema de cultivo agroflorestal, que, em seu manejo, mistura plantas anuais, forrageiras, frutíferas, adubadoras e nativas. Nesse tipo de cultivo não se utiliza fogo, venenos ou adubos químicos.

“Agrofloresta é uma mistura de plantas e experimentos que criam uma relação entre si. O controle das formigas, por exemplo, é feito utilizando a manipueira da mandioca, as plantas iscas ou as repelentes”, explica Vilmar. A família ainda utiliza a borra da manipueira, riquíssima em cálcio, para adubar o solo, e, principalmente para o plantio de melancia, tomate e maracujá.

Seu Heleno explica como faz a produção de mudas de alface.
Foto: Mariana Gonçalves

Já o agricultor Heleno Nascimento, que mora no Sítio Samambaia, em Araripina, também foi visitado, e tem uma receita diferente para tratar das pragas: uma solução feita à base do Nim (Azadirachta indica). Ele contou que nos seus canteiros de hortaliças só utiliza defensivos naturais, além de priorizar a rotação de culturas. “Toda vez que se retira a produção de alface, por exemplo, se coloca outro tipo de hortaliça no local, para não desgastar o solo, e produzir sempre com a mesma qualidade”, ensina Seu Heleno.

Boa gestão da água - No segundo dia (25/06), os participantes do intercâmbio visitaram a experiência da família de Maria Viana, na comunidade do Vidéu Velho, município de Ouricuri. Na ocasião, os agricultores e agricultoras puderam aprender sobre o gerenciamento da água da cisterna calçadão que é feito pela família. “Nós fazemos o cálculo da quantidade de água que pode ser utilizada por dia, de modo que dure até o final do ano, período em que volta a chover na região”, conta Maria Viana. Segundo ela, os cálculos mostraram que a família só poderá começar a usar a água do reservatório em setembro; enquanto isso, a família utiliza a água de um barreiro próximo para produzir alimentos. Ela explicou ao grupo que no período de estiagem é muito importante ter a água da cisterna, pois o barreiro seca também.

A agricultora contou aos visitantes que antes da construção da cisterna de placas (16 mil litros), construída pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da ASA, e também da cisterna calçadão, a vida era muito difícil. “A gente não tinha reservatório nenhum, nem carroça, tinha que ir de carro de boi buscar água nas cacimbas, e às vezes as latas derramavam no meio do caminho, e a gente voltava novamente. Quando a gente chegava em casa não tinha onde armazenar a água, era um sofrimento”, conta Dona Maria Viana.

Segundo o agricultor José de Ribamar, da Chapada do Sítio em Monsenhor Hipólito, as experiências vivenciadas no intercâmbio deixaram os visitantes cheios de vontade para produzir alimentos. “Aqui a gente viu que dá certo, é só experimentar sem ter medo. É uma oportunidade não só de conhecer o que as outras famílias estão produzindo, mas também de trocar conhecimento, ensinar o que a gente sabe e ver o que eles fazem para melhorar de vida”, avalia o agricultor.


Mariana Gonçalves e Mariana Landim - comunicadoras populares da ASA

terça-feira, 28 de junho de 2011

Vídeo-Cartas Cáritas - Fruto Daqui

Com legendas em Inglês

O projeto Fruto Daqui está instalado no município de José de Freitas, clima de transição entre o semiárido e a mata amazônica, e está localizado a 54km de Teresina. Dentro do projeto foram beneficiadas diretamente 50 comunidades para o aproveitamento de frutas tropicais, além de promover a comercialização dos produtos, na perspectiva da Economia popular Solidária. Outro objetivo foi proporcionar a organização comunitária e a segurança alimentar das famílias.

Fruto Daqui Polpa de Frutas "um produto naturalmente natural"

Realização: Cáritas Diocesana de Campo Maior e Cáritas Brasileira Regional do Piauí
Apoio: Catholic Relief Services - CRS e Cáritas Noruega

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Video-Cartas Cáritas - Projeto Fecundação

Com legendas em Inglês

O Projeto Fecundação da Cáritas Brasileira Regional do Piauí é uma ação coletiva na busca de melhores condições de vida para as famílias que vivem no semiárido. Este trabalho mostra uma boa experiência sobre a convivência com a região e as condições criadas com as ações que reforçam o debate sobre Desenvolvimento Sustentável e Solidário, valorizando a cultura, relações familiares e de gênero. Condições que afirmam o protagonismo das pessoas como cidadãs, parte importante de uma democracia.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Agrotóxico: uma agricultura da morte

Em meados da década de 1960, em nome da chamada modernização da agricultura, o Estado ofereceu aos produtores rurais um farto volume de créditos subsidiados que, no entanto, vinham intimamente atrelados ao uso de pacotes tecnológicos. Esses pacotes combinavam o emprego de sementes melhoradas ou híbridas com a aplicação intensa de adubos químicos e venenos nas lavouras.

Essa “modernização” da agricultura, entretanto, gerou inúmeras e profundas consequências aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. O Brasil tornou-se o terceiro maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Milhares de pessoas foram intoxicadas por terem suas terras, águas e alimentos contaminados.

Este vídeo denuncia o uso abusivo de agrotóxicos na região do Agreste da Paraíba e como seus efeitos marcaram profundamente a vida das famílias agricultoras. O vídeo traz ainda o depoimento do professor Sebastião Pinheiro, que apresenta de forma sintética os malefícios das substâncias mais utilizadas na região. Mas o vídeo também mostra as estratégias de resistência dos agricultores e agricultoras, a partir do testemunho daqueles que encontraram outras saídas e um jeito novo de produzir sem agredir a natureza.

Fonte: http://aspta.org.br/

Agrotóxicos: uma agricultura da morte from AS-PTA on Vimeo.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Prepare-se para a 12ª Romaria da Terra e da Água do Piauí

Os preparativos para a 12ª Romaria da Terra e da Água estão acontecendo e as Pastorais Sociais, junto com a CNBB, estão organizando uma grande festa. Para a divulgação da romaria a equipe de comunicação preparou spots radiofônicos que estão disponíveis também para download.

Segue também o hino da Romaria que foi composto por Gregório Borges e Gilvan Santos. Preparem-se e participem!

Spots










Hino

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lei reconhece Utilidade Pública da Cáritas Diocesana de Floriano

O prefeito de Floriano, Joel Rodrigues, sancionou no dia 09 de maio a Lei nº 564/2011 que reconhece a Utilidade Pública da Cáritas Diocesana de Floriano. A instituição foi fundada em 14 de setembro de 1995.

O processo de reconhecimento teve inicio em 2010, e teve como interlocutor o vereador Edvaldo Araújo Costa (PT). O trâmite da Lei na Câmara Municipal não encontrou resistência dos demais vereadores de Floriano, tendo sido aprovado por unanimidade pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e confirmada em Plenário na 1ª e 2ª votação.

João Raimundo, agente da Cáritas Diocesana de Floriano

terça-feira, 14 de junho de 2011

Parceria constrói mais 11 cisternas no Piauí

Federações e comitês solidários de bancos tem fortalecido ações em comunidades do estado

Uma parceria entre o Comitê Betinho do Banco Santander, Fenae – Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Nacional, o Comitê Verbo Divino do Banco do Brasil e a Cáritas Brasileira Regional do Piauí construirá mais 11 cisternas no interior do Piauí. As cisternas fortalecerão ações de Convivência com o Semiárido desenvolvidas pela Cáritas no município de Sigefredo Pacheco, Diocese de Campo Maior, através de uma parceria com o Banco do Nordeste.

A previsão de recursos disponibilizados é de R$17.827,4, sendo o custo unitário da cisterna de R$1.623,40. Junto com a cisterna está previsto curso de capacitação em Gestão de Recursos Hídricos, que ensinará as famílias o cuidado com a água da cisterna para mantê-la sempre potável e a não desperdiçar para que dure durante todo o período de estiagem.

Na seleção das famílias, a comissão gestora levou em consideração critérios como: casas com pessoas idosas, com mais crianças, chefiada por mulheres, dificuldade de acesso à água potável. As famílias beneficiadas tem em média 05 (cinco) integrantes, fazendo com que o projeto atinja cerca de 55 pessoas.

Em geral os municípios do semiárido são pobres, tem economia com base no setor primário, agregando condições que os colocam na mesma escala no Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, o qual fica em torno de 0,50. De acordo com o ultimo levantamento do PNUD, o IDH de Sigefredo Pacheco é de 0,58.

Ação conjunta fortalece o voluntariado e a solidariedade

Cisterna construída em São Gonçalo do Gurguéia

O Comitê Betinho foi pioneiro em São Paulo na ação solidária para a construção de cisternas (tanque abaixo do nível do solo que acumula 16 mil litros de água da chuva para beber e para uso doméstico). O trabalho iniciado em 1998 com diversos parceiros permitiu a construção de 184 cisternas em diversos estados do Nordeste do Brasil. Em 2009 o Comitê Betinho ajudou a Cáritas a beneficiar 06 (seis) famílias com água de qualidade para beber e cozinhar na cidade de Gilbués/São Gonçalo do Gurguéia*, Diocese de Bom Jesus.

Para Fabiana Matheus, diretora de finanças da Fenae, “parcerias como esta, em benefício da comunidade é uma tradição do funcionalismo da CEF. A Associação de Pessoal de São Paulo e o Comitê Betinho construíram duas brinquedotecas na rede pública de saúde em São Paulo, em 2002 e 2003, e também editou 30 mil cartilhas em combate ao trabalho infantil”, lembra Fabiana.

“O Comitê investe nas cisternas, pois sua construção apresenta uma ótima relação custo benefício e possibilita que as pessoas bebam água limpa e saudável e que traz dignidade, afirma José Roberto Vieira Barboza, presidente do Comitê Betinho.

Para Hortência Mendes, Secretária Regional da Cáritas, o Comitê Betinho tem trabalhado de uma forma magnífica em todo o país na perspectiva de combate à fome. “Uma coisa boa é que o Comitê não ficou preso somente a isso. As pessoas que o fazem tem dado passos importantes nas questões solidárias quando vêem outras necessidades fundamentais das famílias mais empobrecidas como a falta de água”, relata.

Com a Fenae, a Cáritas desenvolveu no período de 2009 a 2010 atividades no âmbito da Economia Popular Solidária em Caraúbas, Diocese de Parnaíba. As atividades tiveram o objetivo de organizar associações e cooperativas para a produção e comercialização, apoiando grupos de horticultura, artesanato e beneficiamento de leite.

“Essa inter-relação entre as diversas entidades ajuda a fortalecer a ação solidária em todas as frentes, envolvendo as várias pessoas desde voluntárias a funcionárias públicas na ajuda àquelas que mais precisam” explica Hortência.

*Quando o projeto foi elaborado, São Gonçalo do Gurguéia era uma comunidade no município de Gilbués.

Mariana Gonçalves, com informações da Fenae e Comitê Betinho

Seminário discute a Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho

O Centro de Apoio à Pessoa com Deficiência (CAPD) da Cáritas Diocesana de Picos comemorou nesta quinta-feira, dia 9 de junho, o Dia Estadual da Pessoa com Deficiência com uma exposição artística e seminário sobre a inclusão destas pessoas no mercado de trabalho.

O evento foi realizado na Câmara Municipal de Picos, com a presença dos vereadores Iata Anderson e José Luiz, bem como da Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Dra. Christiane Alli Fernandes, que ministrou uma palestra sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

"Esta inclusão é um instrumento da cidadania para que a pessoa com deficiência adquira sua autonomia sua independência e tenha sua cidadania plenamente efetivada. O Ministério Público do Trabalho tem como um das suas prioridades a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, no Piauí já vem sido feito vários trabalhos neste sentido, e aqui no município de Picos nós estamos com um projeto para o preenchimento a partir da reserva legal de vagas, que a lei prevê, então vamos chamar essas empresas que se enquadram para que elas possam se adequar à lei e possam contratar essas pessoas com deficiência, garantindo a sua efetiva inclusão", informa a procuradora.

O evento contou com a participação de diversos segmentos da sociedade, além organizações e grupos que apóiam este trabalho da CAPD em parceria com a APAE.

De acordo com a Professora Hosana Araújo, coordenadora da CAPD, este evento é a culminância de um trabalho que vem sendo realizado desde novembro do ano passado através do projeto "A Arte Vencendo Limites", que ofereceu as oficinas de Locução para Rádio, Modelagem em Argila, Desenho Artístico e Pintura em Tela para um grupo de jovens e adultos com deficiência, visando inclusão deste no mercado de trabalho, bem como o reconhecimento como pessoas capazes de desenvolver diversas atividades, inclusive trabalhar.

"Essas pessoas com deficiência até hoje são um pouco discriminadas, a partir deste trabalho a sociedade poderá reconhecer que eles têm suas potencialidades, só basta ser trabalhado", afirma a professora Hosana, que destaca ainda a ausência de órgãos voltados para formação de pessoas com deficiência.

Além do seminário, os participantes puderam apreciar e adquirir peças produzidas durante as oficinas do projeto "A Arte Vencendo Limites", o valor arrecadado com as vendas será revertido em outras ações formativas, que ajudem nesta inclusão. Aproveitando a revelação de talentos, três alunos do projeto se apresentaram cantando o hino de Picos, tocando violão e cantando, recitando poema "Deficiente" de Mario Quintana e interpretando a música "Balada do Louco" de Rita Lee.

Lana Krisna - Pascom/Cáritas Diocesana de Picos

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato é membro do comitê de bacia dos Rios Canindé e Piauí

A Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato participou da Plenária eletiva do Comitê de Bacia dos Rios Canindé e Piauí, em Picos no último dia 10 de junho/2011, onde foi apresentado o Plano Estadual de Recursos Hídricos lançado em dezembro de 2010 pelo Governo do Estado. O plano nos dá uma ampla e aprofundada visão do diagnóstico hídrico do Estado, identifica gargalos e propõe saídas para determinados problemas que exigem um amplo debate das organizações sociais.

Entretanto, o Governo já está agindo no encaminhamento de algumas propostas sem o aprofundamento do debate com a sociedade. É o caso, por exemplo, da construção de uma adutora do Rio São Francisco até a cabeceira do Rio Piauí para abastecer e fazer sangrar a barragem Petrônio Portela (Barragem da Onça) em São Raimundo Nonato e a partir daí construir 100 quilômetros de canal para alimentar outras barragens. Tudo isso em nome da Segurança Hídrica do Estado. Segundo o Secretário Dalton Macambira, já está conveniado com o Banco do Nordeste a primeira parte da obra.

A Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato agora é membro do Comitê de Bacia dos Rios Canindé e Piauí, a maior bacia do Estado do Piauí (segundo a SEMAR). Na própria plenária já pontuamos sobre o as ações da sociedade civil articulada pela Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA Brasil como visão de segurança hídrica para as famílias do Semi-Árido. Isso nos traz mais responsabilidades e exigências no debate fiscalizador e propositivo das políticas ambientais no território Serra da Capivara e deve dialogar diretamente com o Conselho Municipal de Meio Ambiente de São Raimundo Nonato que estamos criando.

Além da Cáritas, outras dez entidades da sociedade civil foram eleitas. Do território da Serra da Capivara temos ainda o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – STTR de São Raimundo Nonato e a Associação do Assentamento Marrecos de São João do Piauí. São 11 entidades representativas da Sociedade Civil, 11 representantes de usuários, 11 das prefeituras dos municípios da bacia e 11 do Governo do Estado, 44 membros no total. A sociedade civil também defendeu a candidatura e a eleição do Pe. Nilton de Nazaré do Piauí como vice-presidente. O presidente eleito é o prefeito de Paulistana, Luis Coêlho e o secretário executivo é o próprio Dalton Macambira, titular da SEMAR.

Hildebrando Pires, coordenador da Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato

terça-feira, 7 de junho de 2011

Diocese de Campo Maior acolhe a 12ª Romaria da Terra e da Água

11ª Romaria da Terra e da Água reuniu
mais de 5 mil pessoas em Corrente

A Diocese de Campo Maior se prepara para o lançamento de um dos maiores eventos católicos do Piauí, a Romaria da Terra e da Água. Em sua 12ª edição, o evento representa um momento de forte oração e reflexão acerca dos problemas sociais enfrentados atualmente. O lançamento da 12ª Romaria acontece hoje 07, às 18h, na Igreja Matriz do município de Campo Maior, durante a programação da novena dos festejos de Santo Antonio, com a presença do presidente do Regional NE IV, Dom Alfredo Schaffler e o Bispo de Diocese, Dom Eduardo Zilski.

A Romaria da Terra e da Água é uma realização da Comissão Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e das Pastorais Sociais e está em sintonia com toda a ação evangelizadora da Igreja, e tem sido um dos momentos de forte expressão popular reunindo representante das dioceses, todos os bispos e do povo de Deus. “Ela representa a animação da fé e vai na trilha da questão social, na luta pela terra e água, com uma grande mística do povo de Deus”, enfatiza a Secretária Regional da Cáritas do Piauí, Hortência Mendes, uma das entidades que coordenam o evento.

Este ano, a Romaria traz como temática “Salvar a Terra e a Água é salvar a Vida” e está em sintonia com o tema da Campanha da Fraternidade/2011, que é “Fraternidade e Vida no Planeta” trazendo para a reflexão da sociedade a perspectiva de uma mudança de comportamento e atitudes diante do descaso e da falta de cuidado com a natureza e a mãe Terra.

Metodologia

Uma das novidades da 12ª edição é a metodologia com o desenvolvimento de seis seminários discutindo a temática central. Além de ser sediada na Diocese de Campo Maior trazendo a questão do Açude Grande, área de lagoa natural que vem sendo modificada pela ação humana. “Buscamos chamar a atenção do poder público para o Açude, buscando soluções de aproveitamento de toda aquela água armazenada”, explica Hortência Mendes.

As Dioceses do estado se preparam para o evento e vêm realizando encontros de reflexão nas comunidades, momentos de fé orientados por uma cartilha que orienta a realização de seis encontros sobre a temática central. A expectativa é que mais de 20 mil pessoas participem do evento que será realizado nos dias 30 e 31 de julho, em Campo Maior.

Programação - 12ª Romaria da Terra e da Água

30 de Julho – sábado

- 8h às 12h: Chegada e Acolhida aos Romeiros
- 14h: Realização de Seminários temáticos nas Paróquias:
“Bioma, Caatinga e Cerrado” – Eusébio Sousa da CPT
“Desenvolvimento Solidário e Sustentável” – Carlos Humberto da Cáritas/PI
“Mobilização Humana” – Pe. Antonio Garcia da Pastoral do Migrante Nacional
“Mudanças Climáticas” – Profª. Fátima Veras da UESPI
“Impactos dos Grandes Projetos” – Profª. Dra. Sueli Rodrigues
“Questão da Terra e Agrária” – Profº. Marcelo Lima
- 16h: Espiritualidade
- 17h: Lanche e saída dos Romeiros para o Açude Grande
- 18h: Abraço do Açude
- 19h: Tribuna Livre e show com Zé Vicente
- 23h: Descanso

31 de julho – domingo

- 04h: Despertar
- 05h: Celebração Eucarística

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Abertas as inscrições para II Prêmio Odair Firmino de Solidariedade

As inscrições são gratuitas e vão até o dia 31 de julho


Estimular ações de disseminação e divulgação da cultura da solidariedade, além de valorizar experiências de caráter coletivo que defendam e promovam os direitos humanos. Este é apenas um dos objetivos do Prêmio Odair Firmino de Solidariedade, promovido pela Cáritas Brasileira.

Este ano, como tema: “Mulher, Meio Ambiente e Desenvolvimento”, serão selecionadas experiências que promovam a inclusão social das mulheres, ações produtivas ou extrativistas de grupos de mulheres na perspectiva da promoção e na recuperação da biodiversidade, além de ações que contam com a participação de mulheres nas mobilizações, articulações de lutas e na construção de políticas públicas.

Barragem Algodões I: dois anos após o rompimento, famílias lutam por um recomeço

“Aqui parece que se concretizou a expressão: não sobrará pedra sobre pedra”, esta foi a frase utilizada pelo agente da Cáritas, Marcos Terto, para descrever como ficou o vale do Rio Pirangi, menos de 24 horas depois do rompimento da Barragem Algodões I, em Cocal da Estação. “Porque foi justamente isso que aconteceu. No lugar onde havia mais de 100 casas, propriedades, plantações, criação de animais, árvores de mais de 10m de altura, havia apenas o caos. Um monte de pedras, árvores arrancadas, areia e pouquíssimos vestígios da existência de moradias”.

Dia 27 de maio de 2009 é uma data que irá ficar marcada na história não só de Cocal, mas também de Buriti dos Lopes. Exatamente às 16h10, 52 milhões de litros de água começou a descer provocando ondas de 10 metros de altura e a uma velocidade impressionante de 80 km/h, arrastando tudo que encontrava pelo caminho, devastando povoados, matando nove pessoas, e 30 mil animais. Uma criança vitima da enxurrada nunca foi encontrada.

Na Nesta última sexta-feira, 27, essa tragédia completou dois anos com marcas profundas na vida dos moradores do vale do rio Pirangi. A passagem da data foi marcada por uma manifestação de 300 pessoas atingidas que vieram a Teresina no dia 26 de maio, chamar atenção para o problema. Durante o ato, as famílias fizeram um abraço simbólico do Palácio de Karnak, sede oficial do Governo. Após o abraço, as famílias seguiram em caminhada pela Avenida Frei Serafim até a Assembléia Legislativa, para a Sessão Solene em atenção às vítimas do rompimento da barragem.

Do saldo de destruição, duas mil pessoas ficaram desabrigadas, mas somente pouco mais de 200 recebem alguma ajuda oficial, benefíciários escolhidos sem nenhum estudo prévio. E se queixam do abandono do Governo do Estado, responsável pela obra, que deveria lhes garantir direitos plenos como indenizações e moradias, apoio para a reconstrução dos meios de vida e dignidade.

Segundo o presidente da Associação de Vítimas e Amigos das Vítimas da Barragem Algodões I (AVABA), Corsino Medeiros, as indenizações das famílias que tiveram parentes mortos nunca foram pagas. “O governo diz que está pagando para todo mundo inclusive para quem teve familiares mortos na tragédia, mas isso não acontece de verdade. Essas pessoas além de sofrerem a dor da perda estão passando necessidade”, relata Corsino.

É o caso da atingida Maria do Socorro Santos que teve a casa totalmente destruída e perdeu cinco membros da família: o marido, dois filhos, a mãe e um tio. Ela nunca recebeu indenização do governo. “Não recebi nada, nenhum centavo e fui cadastrada pelo governo, mas não sei o que aconteceu que até agora não fui indenizada. Não sei como estou sobrevivendo esses dois anos. Perdi meus familiares, essa é uma dor que nunca vai passar, e ainda não tenho como sobreviver com o único filho que sobrou. Espero que um dia enxerguem minha situação”.

Projeto Reabilitando Vidas: um sopro de esperança

Assim como dona Socorro, muitas famílias estão em situação de extrema pobreza, famílias que antes viviam em uma situação confortável. Agora sobrevivem da ajuda de parentes, amigos e de entidades que chamam a sociedade para a solidariedade. A Cáritas Brasileira Regional do Piauí ainda é uma das poucas entidades que garantem um amparo a essas famílias. Desde o momento do rompimento da barragem até os dias atuais, a Cáritas tem feito doações de alimentos, produtos de limpeza, kits de dormir (colchões, cobertores, lençóis, redes), além de ajuda na reconstrução das casas e assistência jurídica e psicossocial através do Projeto Reabilitando Vidas.

Segundo Adonias Rodrigues, assessor técnico da Cáritas, o projeto Reabilitando Vidas veio trazer uma esperança para as famílias atingidas, além de exercitar o trabalho em conjunto e a solidariedade entre as pessoas. “A Cáritas tem procurado mobilizar e organizar as comunidades na perspectiva de minimizar o sofrimento sentido por essas pessoas que tiveram suas vidas tragicamente mudadas em razão das inúmeras perdas”.

Dentre as ações concretas no município estão a reconstrução de 09 casas e a reforma de 05 que estavam com a estrutura danificada, obedecendo critérios como as famílias que não foram beneficiadas com o projeto do Governo do Estado, vulnerabilidade sócio-econômica. Foram realizados dois seminários para esclarecimento dos direitos e responsabilidades sobre o rompimento da barragem, além do apoio para participação no Fórum Nacional de Defesa Civil que aconteceu em Teresina e o Seminário Internacional de Defesa Civil que aconteceu em São Paulo. Além de apoio para a criação e efetivação da AVABA.

“Em todas essas ações, o sentimento de fazer junto e de solidariedade estiveram presentes. As casas e a reconstrução da Igreja contaram com a participação dos moradores agindo em mutirão e o voluntariado de várias pessoas que se sensibilizaram pela causa”, afirma Adonias. De acordo com o assessor, os recursos aplicados nas ações de emergência no Piauí foram cerca de 200 mil reais, sendo divididos entres os municípios atingidos pelo rompimento da barragem e o município de Barras, que também sofreu profundamente com as chuvas. “É um volume considerado pouco, mas que provocou mudanças significativas na vida das famílias. Esperamos poder continuar ajudando essas famílias, através da solidariedade de todos e todas”, finalizou.

O anuncio da tragédia

%Caritas brasileira ESPECIAL   Barragem Algodões I: dois anos após o rompimento, famílias lutam por um recomeço

A barragem Algodões foi construída em 1995 pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS) e Instituto de Desenvolvimento do Piauí (Idepi) para perenizar o rio Pirangi e tornar seu vale fértil para a agricultura familiar através da piscicultura, agricultura irrigada e abastecimento das cidades. A obra que custou cerca de 50 milhões de reais sofreu questionamentos ainda na sua fase de construção. Mesmo assim em 2001 a obra foi inaugurada pelo então governador Mão Santa.

Um relatório aprovado em 2002 pelo TCU - Tribunal de Contas da União aponta indícios de fraudes na construção da barragem Algodões. A obra foi investigada pela Polícia Federal e é citada numa auditoria que lista sinais de irregularidades em quatro represas erguidas pela antiga Comdepi. A auditoria revela indícios de desvio de verbas federais repassadas ao governo piauiense pelo DNOCS. Em Algodões I, os fiscais do TCU constataram o uso de notas frias para justificar a liberação de R$ 3,2 milhões. A quantia equivale a 29,4% dos R$ 11 milhões repassados para a obra entre 1997 e 1998. De acordo com o documento, o uso de notas irregulares se repetiu na construção das barragens Salinas, Rangel e Pedra Redonda.

Pelo menos a um ano da tragédia a Engerpi admitiu que várias fissuras foram encontradas na barragem e sempre reparadas com camadas de cimento. O primeiro vazamento foi detectado em junho de 2008. Em 2009, um projeto previa a reconstrução de parte da estrutura que mais tarde viria a romper, projeto que nunca foi executado.

As obras e reparos foram apenas paliativos. Os problemas começaram a ficar mais sérios no dia 14 de maio, 15 dias antes da tragédia, quando as famílias foram retiradas das áreas de risco e levadas para abrigos. Uma equipe do governo foi ao local tentar solucionar o deslocamento da ombreira esquerda do sangradouro. O engenheiro responsável pela obra, Luis Hernane de Carvalho, afastou qualquer perigo de rompimento e liberou o retorno das famílias às suas casas.

Não sobra pedra sobre pedra

Na tarde do dia 27 a barragem estoura, levando as famílias ao desespero. A lembrança de que estariam em um local seguro caso não tivessem sido liberadas a voltar para suas casas, é angustiante principalmente para pais e mães que
perderam seus filhos. A água que vinha para trazer vida para a região, agora começava a provocar morte.

Os povoados que ficaram submersos foram Angico Branco, Franco, Cruzinha, Boiba, Frecheira, Tabuleiro, Estreito, Gado Bravo, Dom Bosco, Boa Vista e Gameleira. Casas inteiras desapareceram, cemitérios ficaram com os túmulos revirados, árvores arrancadas pela raiz, igrejas, escolas e postos de saúde foram ao chão. Milhares de pessoas enviaram donativos para as vítimas.



Mariana Gonçalves, com colaboração de Sabrina Sousa