sexta-feira, 26 de março de 2010

Projeto Lagoas do Norte é implantado sem a participação das famílias

Durante a programação da Semana da Água 2010, moradores e moradoras do Bairro São Joaquim – zona Norte de Teresina – fizeram no dia 20 de março, um abraço da lagoa da Rua Radialista Jim Borralho. A lagoa hoje serve de captação de esgotos das casas ao seu redor e se encontra sufocada por aguapés – resposta da natureza a tanta poluição.

A população do bairro conta que assim que foi feita a ocupação na área a lagoa era muito limpinha e várias pessoas até tinham uma fonte de alimento e renda ao pescar os peixes da lagoa. “Mas hoje a lagoa só serve mesmo como escoamento de esgoto, pois a ocupação foi feita e nenhuma providência quanto ao esgotamento sanitário foi tomada pela prefeitura”, conta Maria Lúcia, moradora do bairro. Situação em que se encontra várias outras lagoas da região.

Como forma de revitalização dessas lagoas, a Prefeitura Municipal elaborou o projeto Lagoas do Norte que primeiramente teria o viés ambiental e seria elaborado e executado em parceria com a população local. Está previsto no projeto a limpeza e arborização do entorno das lagoas, construção de áreas de lazer com bares e restaurantes.

Mas, segundo Maria Lúcia, a população não está sendo envolvida. “Alguns direitos nossos estão sendo desrespeitados, como o direito de participar da comissão gestora do programa. O projeto foi todo pensado pela prefeitura em decisão unilateral, sem a participação da comunidade e sem saber do que as pessoas que residem lá realmente necessitam. E continua sendo gerido da mesma forma, sem que se possa opinar sobre o projeto em uma construção coletiva e democrática”, desabafa.

Outras preocupações da comunidade é a forma de desocupação, a qual tem levado famílias para casas pequenas e sem a infraestrutura de transporte e segurança necessária. Além do viés econômico da revitalização das lagoas que não se fala sobre como será explorado.

“O que se pode prever é que toda a atividade econômica do projeto irá para os grandes empresários ligados aos grupos dos governos e nada virá pra gente. Foi assim com a construção da infraestrutura do Parque do Encontro dos Rios. Uma senhora morava lá e tinha um restaurante de onde tirava o sustento dos filhos. Ela foi retirada do local e o restaurante foi cedido a outra pessoa. E será o que vai acontecer aqui também se a gente não se organizar”, finalizou.

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