segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cáritas apresenta livro com trajetória do Projeto Fecundação

Em 1605, Miguel de Cervantes escrevia a seguinte frase no seu mais célebre livro Dom Quixote: “Sonho que se sonha sozinho é apenas um sonho. Sonho que se sonha junto é o começo da realidade”. A frase pode até ter sido escrita a centenas de anos, mas nunca foi tão atual na realidade das famílias beneficiadas pelo Projeto Fecundação em
Coronel José Dias.

Para contar a história desse sonho que foi construído coletivamente entre as famílias do município, a Cáritas Brasileira Regional do Piauí organizou o livro “O Sonho Construído em Mutirão: uma experiência de convivência com o semiárido”. O livro conta toda a trajetória do projeto desde a idealização, diagnósticos, implantação e resultados concretos no município.

Nele buscou-se retratar os impactos sociais, ambientais e culturais da experiência, mostrando as ações desenvolvidas, o caráter dessas ações, desafios e importância para a população da região que busca melhores condições de vida.

Para apresentar essa experiência para a sociedade a Cáritas realizou na manhã da ultima sexta-feira (25) um café da manhã de lançamento do livro. Participaram do evento comunidades, Cáritas Diocesanas, Diretoria Nacional da Cáritas Brasileira, Pastorais Sociais, Secretaria Municipal de Educação de Coronel José Dias, Delegacia Regional do Trabalho, Banco do Nordeste, Governo do Estado, Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, Assembléia Legislativa do Piauí.

João Evangelista Oliveira e Rosângela Ribeiro de Carvalho
organizadores do livro

Agente da Cáritas desde 1996, Iran Morais contou como foi o início do projeto. Segundo ele, quando se começou a falar em convivência com a região o projeto ainda se chamava ‘El Niño’ e a partir da Carta de São Raimundo Nonato que se começou a planejar ações mais consistentes na região. “O Projeto Fecundação foi uma construção principalmente coletiva, no sentimento de que não se faz nada sozinho. A alegria é saber que a partir desse projeto foram fecundados outros como o ‘Vida e Dignidade no Sertão do Piauí’ que ajudou a formar técnicos agrícolas”. O agente conta ainda que o projeto provocou profundas transformações em Coronel José dias. “O município foi todo coberto com cisternas e possibilitou o envolvimento de todos em mutirão, na partilha e na solidariedade”, completou Iran.

A vice-presidente da Cáritas Brasileira, Anadete Reis, contou a trajetória das discussões em todo o Brasil para a consolidação do Programa de Convivência com o Semiárido no país. “Diante da realidade de abandono da região, a Cáritas começou a discutir ações mais eficientes. O primeiro desafio foi captar recursos e depois onde colocar a experiência. Foram várias as discussões até chegar ao Piauí, em comum acordo com os outros estados. Essa mesma discussão foi feita em nível local até chegar a Coronel José dias”. Ela ressaltou que o Projeto Fecundação nos mostra concretamente a forma de trabalhar da Cáritas a partir da construção coletiva com parcerias e também que é possível ter uma intervenção concreta na área da Educação para a melhoria de vida das pessoas.

Intervenção que foi ratificada por Filomena Neiva, representante da SEMEC de Coronel José Dias, que falou da importância das ações no modo de ensinar das escolas da rede pública. “Esse projeto deu subsídio para que nossos professores conhecessem melhor o que realmente é o Semiárido e suas possibilidades. Foram ministradas nove oficinas pedagógicas, mas nossa maior conquista foi o Plano Municipal de Educação que foi construído a partir da nossa realidade e com contribuição coletiva”, afirma Filomena.

Lúcia Araújo, representante do Governo do Estado, também fez parte da gestação do projeto e lembrou dos desafios iniciais. Ela ressaltou a importância das parcerias locais para concretização das experiências e colocou-se a disposição para estudar novas parcerias com o governo para o beneficiamento de mais famílias. A deputada Rejane Dias, representante da Assembléia Legislativa, também se colocou à disposição para implementar políticas públicas para o semiárido, a fim de levar transformações reais à região a partir do coletivo.

A secretária regional da Cáritas Brasileira, Hortência Mendes, encerrou o momento agradecendo a presença de todos/as comunidades e parcerias, ressaltando a união na construção de um novo modelo de solidariedade. “Devemos cultivar esse sentimento de solidariedade. Por mais problemas que a sociedade apresente não nos impede de trilhar novos caminhos porque Deus está conosco guiando nossos passos”, finalizou.

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